Ontem Ayrton Senna completaria 50 anos. O piloto foi sem dúvida um dos maiores ídolos da história recente do Brasil. Como todos, nem sempre acertou, mas deixava sempre para os brasileiros um sentimento de orgulho quando carregava a bandeira brasileira , tremulante, pelos autódromos do mundo inteiro. Como homenagem, a quem foi sem dúvida o melhor piloto brasileiro, publico aqui um relato sobre o fatídico final de semana em que demos adeus ao nosso tricampeão.
No início dos anos 90, eu dividia a cobertura das corridas de Fórmula 1 com os companheiros Oscar Ulisses e Jorge de Souza, pela rádio CBN. Os dias 29 e 30 de abril e, especialmente, o dia 1º de maio de 1994 entraram para a história do esporte. O destino me colocou na Itália naquele fim de semana. Na sexta-feira, Rubens Barrichelo sofreu um acidente gravíssimo e foi parar na UTI do hospital Maggiore de Bolonha, cidade do norte da Itália. Naquela época a telefonia celular estava no começo. O Henrique Cardão, nosso comentárista que vivia na Bélgica, estava inaugurando o "roaming" internacional de seu celular. Peguei emprestado e fiz uma entrada da porta do Hospital do autódromo de Imola entrevistando, ao vivo, o Ayrton Senna.
Senna havia falado com o Rubinho e tranquilizou a todos nós com boas notícias. Foi a última entrevista do Ayrton. Mais tarde fiz uma entrada, ao vivo, da UTI do Hospital Maggiore de Bolonha ao lado do Rubinho. Era a constatação de uma revolução: o telefone celular.
No sábado, o trágico fim de semana continuou com a morte do piloto austríaco Roland Ratzenberger. Eu não imaginava que aquele mesmo aparelho seria o portador da mais dolorosa notícia para o esporte brasileiro em toda sua história.
No domingo, eu narrava a corrida. O senna largou na "pole position" pela 65ª vez na carreira, recorde igualado apenas 12 anos depois por Michael Schumacher. Na sétima volta, a batida na curva Tamburello. Desde o primeiro instante sabíamos que era uma situação dramática. Controlar a emoção, os nervos e manter o racíocinio eram desafios constantes. Depois do atendimento, Senna saiu da pista, de helicóptero, direto para o hospital de Bolonha. Narrei a corrida até o fim, com vitória de Schumacher. Mas, na sequência, saí como um louco de Ímola para Bolonha, uma viagem de pouco mais de 40 quilômetros. Já sabia o caminho que tinha descoberto na sexta-feira. Nós, jornalistas, nos reunimos no salão do Hospital Maggiore. Com o celular em punho, era o único profissional que estava ao vivo quando a médica responsável pelo atendimento de Ayrton veio falar com a imprensa. Dra. Maria Tereza Fiandre foi lacônica, ao vivo, dentro do programa Agito Geral da Rádio Globo:
"Às 6h40m da tarde o coração parou de bater. Ayrton Senna está morto!"
O restante da história todos conhecem.
Mesmo Senna sendo um ídolo e muito querido por todos nós, tive de manter a frieza, controlar a emoção e sair atrás da notícia, que é o trabalho de todo jornalista.
O relato é de Luís Roberto, narrador e apresentador da TV Globo e SporTV, e foi retirado do livro "Manual de jornalismo esportivo", assinado por Heródoto Barbeiro e Patrícia Rangel.
No início dos anos 90, eu dividia a cobertura das corridas de Fórmula 1 com os companheiros Oscar Ulisses e Jorge de Souza, pela rádio CBN. Os dias 29 e 30 de abril e, especialmente, o dia 1º de maio de 1994 entraram para a história do esporte. O destino me colocou na Itália naquele fim de semana. Na sexta-feira, Rubens Barrichelo sofreu um acidente gravíssimo e foi parar na UTI do hospital Maggiore de Bolonha, cidade do norte da Itália. Naquela época a telefonia celular estava no começo. O Henrique Cardão, nosso comentárista que vivia na Bélgica, estava inaugurando o "roaming" internacional de seu celular. Peguei emprestado e fiz uma entrada da porta do Hospital do autódromo de Imola entrevistando, ao vivo, o Ayrton Senna.
Senna havia falado com o Rubinho e tranquilizou a todos nós com boas notícias. Foi a última entrevista do Ayrton. Mais tarde fiz uma entrada, ao vivo, da UTI do Hospital Maggiore de Bolonha ao lado do Rubinho. Era a constatação de uma revolução: o telefone celular.
No sábado, o trágico fim de semana continuou com a morte do piloto austríaco Roland Ratzenberger. Eu não imaginava que aquele mesmo aparelho seria o portador da mais dolorosa notícia para o esporte brasileiro em toda sua história.
No domingo, eu narrava a corrida. O senna largou na "pole position" pela 65ª vez na carreira, recorde igualado apenas 12 anos depois por Michael Schumacher. Na sétima volta, a batida na curva Tamburello. Desde o primeiro instante sabíamos que era uma situação dramática. Controlar a emoção, os nervos e manter o racíocinio eram desafios constantes. Depois do atendimento, Senna saiu da pista, de helicóptero, direto para o hospital de Bolonha. Narrei a corrida até o fim, com vitória de Schumacher. Mas, na sequência, saí como um louco de Ímola para Bolonha, uma viagem de pouco mais de 40 quilômetros. Já sabia o caminho que tinha descoberto na sexta-feira. Nós, jornalistas, nos reunimos no salão do Hospital Maggiore. Com o celular em punho, era o único profissional que estava ao vivo quando a médica responsável pelo atendimento de Ayrton veio falar com a imprensa. Dra. Maria Tereza Fiandre foi lacônica, ao vivo, dentro do programa Agito Geral da Rádio Globo:
"Às 6h40m da tarde o coração parou de bater. Ayrton Senna está morto!"
O restante da história todos conhecem.
Mesmo Senna sendo um ídolo e muito querido por todos nós, tive de manter a frieza, controlar a emoção e sair atrás da notícia, que é o trabalho de todo jornalista.
O relato é de Luís Roberto, narrador e apresentador da TV Globo e SporTV, e foi retirado do livro "Manual de jornalismo esportivo", assinado por Heródoto Barbeiro e Patrícia Rangel.
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